segunda-feira, 27 de abril de 2015

22

Hoje, depois de muito tempo, senti vontade de sangrar palavras desvairadas nesse espaço abandonado. Noto a diferença. Há anos, as palavras formavam versos, e hoje transcrevem apenas ideias que inundam a alma e ás vezes afogam o bom senso. Será maturidade? Não sei. Na Talvez seja o questionamento sobre ela.

Pra falar a verdade, tenho muita saudade dos tempos de adolescente em que eu podia tudo: ser criança e adulta ao mesmo tempo. Hoje só me resta aceitar que os dias passam e cada vez mais me vejo frente à decisões nada fáceis.

Morar junto com o namorado é uma delas. Não que eu tenha dúvidas sobre o fato de dividir a mesma cama e juntar as escovas de dente, mas sim sobre o que vem depois. O sentimento que define esse momento da minha vida é o medo. Me atormenta e devora muito mais que os supostos monstros moradores do quintal escuro de casa de quando eu era criança. 

Tenho medo de fracassar, não conseguir juntar dinheiro e não poder fazer o que eu quero de verdade. Mas aí sinto a interrogação pairar sobre mim novamente. O que eu quero de verdade, afinal? E se ELE não quiser viajar comigo? E se não for feliz comigo - nessa situação - e me levar junto pro mundo das insatisfações? Não sei, não sei, não sei. Expressão frequente que anda de mãos dadas com o medo. 

Penso ser essa a maior preocupação na minha vida nesse momento. E penso ainda que, momentos mais tarde, talvez eu possa ler tudo isso e rir da minha própria cara - ó, como era bobinha!

É por isso que mantenho isso aqui, que de diário só tem o nome (insisto e bato o pé: diário. e não blog), considerando a falta de ideias contidas em pixels. E assim como antigamente, com o velho caderninho trancado com cadeado, reafirmo: esse é meu espaço. Só meu. 

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