terça-feira, 14 de maio de 2013

Viagem na viagem


Neste final de semana, fiz uma viagem para Minas Gerais, e passei por três cidades: Paraisópolis, Santa Rita e Pouso Alegre. Ainda que elas sejam geograficamente próximas ao estado de São Paulo, as diferenças em termos de estilo de vida e costumes fazem parecer de planetas distintos...

Não pude deixar de reparar no fato de como tudo tem proporções estrondosas por lá. Ok, não tudo. Nem tão estrondosas. É só pra sentir o drama mesmo. Mas vou exemplificar: imagine uma cena em que o ônibus freia bruscamente. Ainda que não houvessem outros carros na estrada, ao fundo, foram ecoados gritos de “socorro”, “arre, "segura as criança”, em uma atitude claramente exagerada - para mim.

Uma situação tão banal me fez pensar em como a vida das pessoas podem ser completamente diferentes (e como e não havia pensado nisso antes? tsc tsc). Por estar sentada na parte da frente do ônibus que rumava de Paraisópolis à Santa Rita, pude notar que grande parte dos passageiros desceu em meio a estrada, zona rural. Ao ver cada par de pernas caminhar em estrada de terra – quando não, no mato – seguindo seus destinos, eu pensei em como deviam ser os seus dias. Tranquilos, com leveza, dias passando devagar e sem muitas interrupções, a ponto de se incomodarem com um fato tão “insignificante” (com aspas, afinal, o insignificante é relativo, como pude ver).

E aí, faltando ainda alguns quilômetros para chegar na cidade de Santa Rita, com o celular sem sinal e o Sol queimando meu rosto e mente (mentira, não estava tão ruim assim, mas achei poético falar)... Eu me rendi aos pensamentos. E pensei no quanto eu repudio o sentimento de tédio, e na verdade, o sinto com certa freqüência, em contraponto à vida dos “passageiros da estrada” (ó que nome bonito eu dei pra eles!).  Acredito que isso se deva à nossa vida no mundo de tecnologias em que tudo parece mais do mesmo. Não é nossa culpa (ou é, de certa forma, mas deixemos esse assunto pra outrora), dado o caráter de reciclagem que nossa cultura apresenta. É como se tivéssemos um mundo de informações a nosso alcance, e ainda assim, não soubéssemos o que fazer. Se não houvesse esse mundo tão fácil de ser tocado, as coisas poderiam ser sentidas – e notadas - com mais intensidade.

E sei lá. Assim acaba o texto, e os pensamentos. Sem conclusão alguma. Cheguei ao meu destino, onde abracei com força minha prima e pude experimentar por algum tempo a sensação de intensidade. Logo, voltei à São José e vi o tédio acenando do lado de fora da janela. Sem freiadas bruscas, sem emoção alguma.