E quando termino a minha frase com reticências... Ah... Quando as termino assim... O papel não entende que o faço por não conseguir exprimir mais que alguns pontos, e imprimo em cada um deles o suspiro profundo de cada lágrima que transborda de dentro... Para dentro. E o papel em branco também não compreende que quando escrevo, deixo de ser idéia e me torno letra, assim, separada, difusa e principalmente organizada. Ah, como é difícil se deixar diluir e separar para fazer a vontade mimada do papel em branco!
Aqueles dias em que ele permanece em branco são os dias em que eu não consigo me separar. Sou só sentimento, diluído em alguns pensamentos desconexos que teimam em não virarem palavras. E quando elas viram, ficam ali, me fitando junto ao papel – não mais branco – como se estivesse me desafiando. “Vamos, olhe para mim! Somos seus sentimentos mortos, expostos e concretos na tua frente! Olhe para nós, não nos transforme em reticências. Faça de nós tinta que representa as exclamações da tua alma, vamos, ande, escreva!”.
E o que o papel em branco não sabe... E nem se importa em saber... É que para exprimir cada palavra posta aqui, eu preciso matar os sentimentos. Esquartejá-los cruelmente dentro de mim para que virem letra. E eles jorram sangue, que tem cor azul de caneta bic.